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Estudo desvenda tática de ave que força pássaros a criar seus ovos

 

Tecelão-parasita deposita ovos em ninhos diferentes e disfarça as crias. Estudo foi realizado na Zâmbia e publicado na revista Nature.


 

O tecelão-parasita (Anomalospiza imberbis), uma espécie de ave pequena encontrada na África, é conhecido por ludibriar outros pássarosque acabam por criar seus filhotes, mas um novo estudo demonstrou a "cara de pau" deste enganador emplumado em se evadir do dever parental.

O passarinho de padrão listrado e amarelo predominante, do tamanho de um pardal, é um bicão conhecido. Ele deposita seus ovos nos ninhos de outras aves e tenta, inclusive, combinar seus ovos, disfarçando-os para que se pareçam com o de seus hospedeiros.

Desta forma, ele tira vantagem das aves que acabam virando, involuntariamente, pais adotivos, que chocam os ovos dos tecelões-parasitas junto com os deus próprios e criam os filhotes depois que estes saem dos ovos.

 

Agora os cientistas testemunharam pela primeira vez a persistência das avezinhas em seu elaborado plano de ilusão. De acordo com um estudo publicado na revista "Nature Communications", a fêmea retorna para o mesmo ninho hospedeiro várias vezes para depositar quantos ovos puder, provavelmente a uma taxa de cerca de um ovo dia em dias alternados.

Ao depositar alguns ovos no mesmo ninho, o tecelão-parasita confunde os hospedeiros, tornando-os menos capazes de identificar e descartar os ovos invasores, separando-os dos seus próprios. "O tecelão-parasita desenvolveu uma estratégia nova para desbaratar as defesas do hospedeiro e aumentar seu êxito reprodutivo", explicou o co-autor do estudo, Martin Stevens, da Universidade de Exeter.

 

"Eles enganam os hospedeiros e, com isto, ajudam a que mais filhotes sejam criados", acrescentou. Os filhotes de tecelão-parasita costumam crescer mais rápido e são mais estridentes em pedir comida do que os filhotes dos hospedeiros, que acabam morrendo de fome, enquanto os intrusos recebem mais comida de seus pais traídos.

 

A principal vítima


Em Zâmbia, onde o estudo foi realizado por uma equipe da Grã-Bretanha e da África do Sul, a vítima mais frequente deste enganador é a prínia-de-flancos-castanhos (Prinia subflava) africana, uma ave de tamanho similar, mas de cor mais escura. O tecelão-parasita é da famíliaPassaridae. É parente distante do cuco verdadeiro, que migra entre a África e a Europa.

A prínia costuma colocar de dois a quatro ovos e procria durante a estação úmida, entre fevereiro e março, na Zâmbia. Cerca de um quinto dos ninhos de prínias é invadido por tecelões-parasitas, mas os hospedeiros às vezes descobrem os ovos invasores e os põem para fora, explicou Stevens.

 

 

 

 

EDUARDO MACHADO ADMINISTRADOR 

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